Entender o que limita o potencial das meninas. Esse é um dos pilares do Força Meninas, uma plataforma de conhecimento que, desde 2016, incentiva meninas a partir de 6 anos por carreiras em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática, áreas com pouca participação feminina. A idealizadora é Déborah De Mari.
Com esse projeto, ela já venceu o Prêmio de Direitos Humanos da Embaixada do Canadá em 2021 e entrou no Top 100 das pessoas mais influentes do mundo em políticas de gênero, da organização britânica Apolitical. Em 2020, o Força Meninas ficou entre os dez projetos finalistas na competição Solve MIT, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, que premia iniciativas que propõem soluções para problemas globais.
“O projeto que eu criei está relacionado com a menina que eu fui, curiosa e criativa”, afirma Déborah em entrevista ao FBcast, o podcast do Farias Brito.
No tempo de escola, ela não encontrou apoio e incentivo para a ciência. “Isso não era papel de menina. A falta de incentivo limitou minhas escolhas”, relata a empreendedora social.
Fez faculdade de Jornalismo, mas acabou trabalhando com RH, Marketing e Tecnologia. Ocupou grandes cargos de gerência.
De Mari abandonou a carreira e foi morar na Irlanda durante um ano. Lá trabalhou como voluntária em organizações focadas na desigualdade de gênero e liderança para meninas. Estudou e pesquisou sobre o tema e decidiu ser uma agente de mudança. Ela queria mudar a realidade de um universo tão masculino. Assim foi surgindo o Força Meninas.
Em 2017, ela começou a realizar workshops em São Paulo, onde meninas ouviam mulheres com trajetórias profissionais inspiradoras. O Força Meninas cresceu, ganhou apoio e passou a viajar em caravana pelo Brasil. Com esse crescimento, ela diversificou o projeto e criou o Prêmio Mude o Mundo Como uma Menina, para reconhecer jovens que estão fazendo a diferença no mundo a partir de seus projetos e ações.
Em sua primeira edição, em 2019, cinco garotas foram premiadas com uma viagem ao Vale do Silício, na Califórnia.
Em 2020, o projeto, que estava bastante focado em atividades presenciais, quase encerrou por conta da pandemia da Covid-19. Com apoio voluntário, continuou. Em 2020, uma aluna do Colégio Farias Brito foi premiada. Jamile Falcão ganhou na categoria Pioneira.
Foram 200 inscrições e 25 garotas premiadas com um programa de mentoria em temas como empreendedorismo, economia verde, inteligência financeira e liderança.
Em 2021, o evento permaneceu online. Foram 398 inscrições de todo o país e 35 premiadas. Além de uma mentoria de nove meses, as meninas receberam apoio financeiro com prêmios de até 5 mil reais.
Mais duas alunas FB foram premiadas. Cellina Landim e Sophia Bessa ganharam com o projeto da jujuba proteica.
O Força Meninas também criou programas online para incentivar garotas nas áreas de Exatas e uma comunidade digital, que, hoje, tem 242 inscritas e promove eventos mensais de mentoria.
Neste ano, o projeto voltou à estrada com a expedição “Meninas Curiosas, Mulheres de Futuro”. O novo projeto vai percorrer 17 cidades do Brasil, com palestras, teatro e oficinas de linguagem computacional, eletrônica e realidade virtual. Mais de 30 estudantes vão ter acesso.
“Sou uma pesquisadora e estudiosa sobre o assunto. Só entendendo o que limita o potencial das meninas é que vamos conseguir criar ações para mudar essa realidade”, afirma Déborah De Mari.
Também participaram do FBcast as alunas Cellina Landin, Sophia Bessa e Nicole Oliveira. Cellina e Sophia falaram sobre o projeto que ganhou o Prêmio Mude o Mundo Como uma Menina. Nicole Oliveira, de 9 anos, mais conhecida como Nicolinha, é caçadora de asteroides. Já descobriu 31. Ela também participou da conversa. “Este é um momento muito importante para nós meninas”, afirmou Nicolinha.